Talvez escrever seja a melhor coisa a se fazer nesse caso. E aqui estou, escrevendo, mesmo não sabendo onde isso vai dar.

Me sinto um pouco estranho nos últimos dias, como se minha criatividade e ideias tivessem sido sugadas. Zero imaginação sobre novos projetos ou material para a comunidade. Isso acaba me deixando ansioso, gerando uma autocobrança para ser produtivo e gerar algum resultado para a comunidade.

Mesmo que nosso ano tenha sido excelente, me responsabilizo em continuar entregando constantemente coisas novas e ajudando a comunidade. Afinal, muita gente tem depositado expectativas e confiando em nosso projeto, não apenas com interação nas redes com curtidas, compartilhamentos e tudo mais, mas também com apoio financeiro.

Não quero decepcioná-los.

Eu realmente estou orgulhoso de tudo que conquistamos em 2024. Foram muitas lutas e esforço constante para crescer a nossa inciativa, alcançando milhares de pessoas. É meio inacreditável saber que nosso trabalho tenha impactado pessoas do outro lado do oceano atlântico, por exemplo. Já disse isso em alguns textos, mas vale reforçar: me sinto absurdamente privilegiado em viver essa vida. Tenho o sentimento de estar construindo e vivendo o propósito que deveria viver. Sinto uma baita realização como ser humano. Gostaria muito que todas pessoas pudessem viver isso que estou sentindo. Saber que isso é impossível me trás angústia e ao mesmo tempo, vontade de seguir em frente na tentativa de mudar o mundo.

A memória de minha avó, Cândia, tem aparecido de forma mais frequente recentemente. De uma maneira diferente de quando era viva, na verdade. Acredito que ela tenha sido a pessoa mais bondosa que conheci. Mesmo aposentada, fazia questão de ministrar aulas de forma voluntária em um seminário. Sua vocação era o ensino, ela respirava isso. Todos netos foram seus alunos particulares para passar nas provas de história. Ainda que fosse extremamente conservadora e autoritária, tínhamos uma relação muito forte de amor. É certo que fui o neto que mais lhe enfrentou, com muita rebeldia. Não fazia questão de lhe agradar, sempre me posicionando de maneira autêntica com forte personalidade. Ainda assim, nosso vínculo chegava causava ciúmes explícitos em outros membros da família. Aprendi muito com ela e carrego alguns de seus valores até o momento.

Hoje, eu adoraria perguntar algo para ela: porque a senhora ensina de forma voluntária? Infelizmente, jamais saberei a resposta.

Não sei, às vezes acho que minha vontade de democratizar o ensino vem do desejo de escalar essa bondade que vi e vivi ao conviver com ela. Embora seu trabalho fosse extramente nobre, seu alcance era local e dentro de seu território. Como eu poderia adaptar essa ideia para o mundo e tecnologias de minha geração? Seria possível? Será que mesmo de forma implícita era isso que eu estava buscando e nem sabia? Digo, continuar o seu legado de alguma maneira?

Talvez, um ponto a mais nessa ideia, seja realmente a vontade de mudar o mundo. Essa motivação não vem do nada, vem de uma versículo bíblico: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2”

Será essa a minha maior motivação? Eu não consigo me conformar! Nem digo isso sobre experimentar a vontade de Deus, mas sim, pela tristeza que a maioria das pessoas de nossa sociedade tem vivido. Isso me faz querer fazer mais, mais e mais! Busco minha renovação constantemente, seguindo em frente, adiante!

Na verdade, agora me corrijo. A melhor coisa a se fazer quando não se sabe o que fazer, é continuar. Mirar no horizonte e seguir em frente. É o que acredito. Não existe ideia genial em que um estalar de dedos resolverá todos os problemas e revolucionará o mercado. É no dia a dia! Batalhas após batalha que seremos vitoriosos. E vale lembrar: nem todas batalhas serão grandiosas e uma espetáculo de viewers. Para o nosso trabalho de formiguinha, é nossa única opção, viver um dia de cada vez, sobrevivendo na busca incansavelmente de fazer a diferença.

Eu realmente estou cagando para as métricas de sucesso dos coachs. Meu desejo é que mais pessoas reflitam sobre isso e tenham condições para seguir o mesmo caminho, realizando um trabalho de impacto com relações humanas, transformando vidas e realidades.

E você que está lendo este texto, uma presságio para ti: “que o vento esteja sempre nas suas costas e o sol no seu rosto. E que as asas do destino o levem para o alto para dançar com as estrelas.” Blow, 2001.