Resistência
Eu tenho me perguntado cada vez mais sobre isso. O que significa? Essa pergunta não veio do nada, nem mesmo é a primeira pergunta.
Antes de seguir a leitura, e importante que saiba que esse texto não é sobre um conceito, técnica ou algo que estudei. É um texto sobre mim e sobre o que tenho pensado ultimamente. Pensamentos tirados apenas da minha cabeça e talvez só façam sentido dentro dela.
Outro ponto importante é que esse texto deve refletir o meu momento atual, e não minha vida ou trajetória com um todo. Também acredito que esse texto possa ser gatilho para algumas pessoas, por isso não o divulgarei nas redes sociais. Estará apenas aqui no meu blog.
Me sinto ansioso. Parte dessa ansiedade vem da pergunta inicial e várias outras que a antecedem.
Tenho me perguntado o porquê desse sentimento. Será algo do momento? Será algo do Téo? Será apenas capitalismo?
É comum as pessoas elogiarem meu trabalho na internet: você nasceu para isso. Ou algo como “você realmente tem talento em educar!”. Sem falar da mais nova “essência”. Como se fosse algo que me foi adicionado em quanto era gerado na barriga de minha mãe, ou algo além.
Eu não curto essa ideia, por mais que eu entenda o elogio. Acho que esse tipo de mensagem acaba trazendo uma visão romântica para algo que, não necessariamente é.
Vou tentar explicar melhor.
Dificilmente alguém acharia que a educação pública está mil maravilhas. Principalmente pela falta de reconhecimento em relação aos professores, com salários e benefícios bem merdas. Estão todos fodidos. Com isso, meio que nasce esse espantalho de que “professor é professor porque ama ensinar”.
É fácil fazer essa associação com o meu trabalho na internet: “O Téo ensina de graça porque ama ensinar”
E isso não é uma verdade. Ou melhor, essa não é a verdade completa.
Diferentemente de 99% dos professores, eu tenho a chance de escolher ser professor, de fato. Sem que o valor financeiro seja o principal critério de decisão. A realidade é que a maioria dos professores não tem outra opção. Ser professor é o melhor emprego que conseguiram, por pior que seja financeiramente e também de lidar com o dia a dia.
Então, se não é pela grana, é pelo amor? Mas que amor? O que significa isso? Aí que nasce o meu incomodo. Falam de amor como se fosse um sentimento, algo irracional ou inexplicável. Quando para mim, amor é sobre uma decisão, uma escolha.
E refletindo sobre essa escolha, ao longo do meu processo de auto conhecimento e radicalização, entendi que é sobre resistir. Mais do que isso. Entendi que nada disso é sobre mim, mas sobre as outras pessoas. É sobre fazer o que precisa ser feito. Sobre o que pode tornar o mundo e a vida das pessoas algo melhor.
Não é sobre amor, é sobre resistir.
O que eu mais amo fazer, é ficar na frente da televisão assistindo séries e F1 com um balde de pipoca no colo, alternando para o vídeo game. É isso que eu amo fazer. É o que eu adoraria estar fazendo agora, por exemplo. Então definitivamente, não é sobre isso que estamos falando aqui.
Embora pareça bobo, é muito importante fazer essa distinção. Principalmente quando falamos sobre nossos apoios financeiros. O apoio não é para a existência e sanar desejos pessoais do Téo como pessoa (apenas de ser peça fundamental para o projeto), mas sim, para que as pessoas continuem tendo acesso à conhecimento gratuito.
Eu encontrei na educação e ensino gratuito uma maneira de resistir. De alguma forma, resistir ao que nos é imposto e tentar fazer algo diferente, algo fora do comum. Algo que poucos acreditam e apoiam, embora muitos precisem.
Não é todo mundo que entende e por diversas vezes tentaram nos convencer de que essa história não dá certo. Pois bem, sou teimoso o suficiente para resistir a falhar.
Mas qual é a relação de resistir com a minha ansiedade?
Uma vez com essa decisão tomada e entendimento, é difícil dar as costas e ignorar o que está em jogo. O que me faz sempre pensar o que mais pode ser feito. Sempre me provoco em pensar em mais projetos, mais cursos, mais alcance, mais ferramentas, mais impacto na sociedade.
Isso bate ainda mais forte em momentos que eu me sinto improdutivo e com a moral baixa. Normalmente quando não tenho claro qual o próximo conteúdo que vamos atacar e o que vamos fazer nas lives, por exemplo. Eu sei! Você pode estar pensando: mas Téo, você já fez tanto, calma!
Mesmo olhando para trás e vendo tudo que já realizamos, me bate um sentimento que ainda há tanto a ser feito, de que não é o bastante, não é o suficiente. Pelo menos não para realmente mudar algo.
E exatamente nessa linha é que entra uma questão que sempre fujo: e o seu plano de sucessão, Téo?
Lembra? Não é sobre mim, logo, esse é um ponto bem importante a se considerar. Cedo ou tarde não estarei mais aqui e após alguns anos o Téo Me Why talvez não seja nem mesmo uma lembrança. Então, como dar continuidade no trabalho que não depende de mim?
Além de todas as inseguranças de continuar entregando material de alta qualidade, eventos gratuitos, agora me questiono como fomentar que mais pessoas façam o mesmo. Como fazer isso com as 24 horas que tenho?
É como se tivesse tanta coisa para pensar que não sei nem por onde começar. Não faço ideia de como seguir em frente nisso. Repito, não é uma visão romântica. É um trabalho difícil, cansativo, cheio de incertezas e pouquíssimo reconhecido na sociedade. O senso comum é que se faça por amor, e foda-se. Acredito que seja algo mais importante que isso.
Talvez seja isso. Talvez resistir seja perseverar, apesar das sombras no caminho.