Folhas de redação com cabeçalho de colégio, um emaranhado de sentenças com pouco sentido, um comentário no tom vermelho bem destacado: “Organize melhor suas ideias”. Consequentemente uma nota a baixo da média.

Tal desfecho era frequente em minhas provas de redação nos colégios por onde passei. Convivi com isso desde o ensino fundamental até o final do ensino médio. Uma vez que na faculdade de Estatística não haviam professores de português (embora se esforçassem para redigirmos uma singela interpretação dos resultados obtidos).

Minto! É algo que me acompanha até hoje. Meia volta estou repetindo em voz baixa: “Organize melhor suas ideias”.

Com o tempo, percebi que organizar as ideias para redigir um texto, seria algo adquirido com o tempo e esforço ao escrever, ler e escrever novamente. Este blog tem papel fundamental na evolução dos meus textos, basta ler os primeiros para notar tal fato. Muitos deles passaram pelo crivo de minha avó, Dona Cândia (inclusive meu TCC).

Hoje, repetir essas palavras significa muito mais do que tentar escrever um bom texto. O principal motivo de ainda repeti-las em minha mente, é realmente organizá-la e afastá-la do caos, embora estes sejam unha e carne. Há muito esforço envolvido e as crises são inimagináveis.

Me desespero sempre ao ouvir projetos no papel gritando socorro para não serem lançados ao lixo (onde já encontram-se muitos). Soma-se a isso decisões arrombando portas, buscando a eleita para a nova fase da minha vida (uma pena não poder ficar com todas). É neste ponto de desespero, frustração e ansiedade que conto até 10 e repito as palavrinhas mágicas: “Organize melhor suas ideias”

Da-se início então à uma lista de prioridades, regendo o caos que tenho em mente, externalizado-o com papel e tinta. As coisas ficam mais claras quando colocadas para fora e sob o olhar de “espectador”. Tudo começa a fazer mais sentido e nosso foco no objetivo final volta a ser o centro tudo.

Não vamos nos esquecer disso, ok? É só o que importa na realidade, nada mais.

Mas não é fácil! Alguns gritos e socos na mesa fazem parte do processo. Assim como uma música para lá de alta, não permitindo mais ouvir meus próximos pensamentos, buscando reseta-los. Não há tempo limite ou etapas a serem seguidas. Chega-se num ponto que o importante prevalece e todo o resto vira cinza, lançada no mar do esquecimento. Busco, quem sabe, me tornar mais “markoviano”.

Parceiros de caminhada são importantes. Afinal, somos a média de 5 deles. O que busco fazer? Ser verdadeiro com todos a minha volta. Amizades geradas a partir disto serão verdadeiras e eternas. Da mesma forma que o papel aguarda a tinta expressar um texto puro, com ideias bem definidas, de forma clara, creio que deva ser nosso diálogo com outras pessoas.

São eles que nos colocam nos eixos. Nos lembram muitas vezes de ideias realmente importantes, esquecidas até então. É bom tê-los por perto nos momentos de desânimo. E conforme trilho este caminho (único que conheço), manterei este espaço com o registro destes devaneios em noites sombrias e solitárias.