Bom, em menos de 3 anos foram inúmeras mudanças, tanto de cidade quanto de trabalho. Na realidade tenho quase certeza de que minhas coisas ficam mais tempo em caixas do que em prateleiras e armários. Quando finalmente “organizamos a casa”, uma mudança surge. Ou será que à provocamos? Não sei bem.

Fato é que mesmo com tantas mudanças no currículo, ainda sofremos muito durante o processo. Seja pelas negociações leoninas impostas (imobiliárias, transportadoras, planos de internet e por ai vai), ou pela separação que fazemos em “dividir para conquistar”, isto é, Nah, eu e Kira nos dividimos por um tempo para poder fazer as coisas darem certo, esta logística não é tão trivial quanto despachar as coisas pelos Correios.

A maior loucura é que no meio disto tudo começamos a questionar nossas próprias decisões. Incontáveis noites que dormimos com um plano bem definido e no outro dia, ao levantar, um plano totalmente diferente era desenhado, mudando tudo! Impressionante como não conseguimos seguir nem este segundo. Talvez lançar uma moeda para cada decisão fosse mais fácil (menos sofrimento).

Na última mudança que tivemos, assim que tudo foi resolvido e descarregamos as caixas no apartamento novo, na mesma semana fomos para o interior de São Paulo. Foi um momento de paz, perto da família e amigos cultivados desde os tempos de escola. Então surge a pergunta: “Para que tudo aquilo? Aonde isso dá?”

Pensando nos objetivos traçados para os próximos 4~5 anos, tenho clareza do porquê e continuo confiante com minhas decisões e planos até aqui. Mas e depois? E daqui 10 anos? 20 anos? 30 anos? Quais são os objetivos até lá? Meu planejamento deve ser de quanto em quanto tempo? Qual meu objetivo final? Devo ter um?

Tais perguntas começam a me deixar assustado. Percebo que eu não faço ideia do que quero fazer quando tiver a idade de meu pai. Vou querer trabalhar com dados e tecnologia até lá? Se não, com o que trabalharei? Já não deveria estar buscando essa “outra coisa” desde já? Como? Se eu nem sei o que é. O que estou fazendo com meus objetivos de curto prazo então?

Sinto que deveria fazer alguma coisa diferente, algo que não tenha nada a ver com o que faço. O complicado é que tudo que penso, acaba me levando para o tipo de atividade que exerço hoje. Há alguma maneira de se desintoxicar disso? Igual a galera do Masterchef, que larga tudo para seguir o sonho de ser cozinheiro? Deixando de ser bancário ou o que for para ser um chef.

Minha cabeça pira tanto que tenho vontade de colocá-la em um buraco de avestruz, simplesmente sumir. As coisas não estão claras para mim. Devo sair experimentando várias coisas? Ou ignorar tudo isso e simplesmente viver? Seria melhor seguir assim?

Acredito que levarei um tempo para ter as respostas de tantas perguntas. Pelo menos estão servindo para reflexão e registrar mais um capítulo. Espero um dia poder reler este texto e rabiscar algumas respostas que encontrei durante a jornada, sem destino.