Essa frase foi dita pela personagem Elisabet Sobeck no jogo Horizon Zero Dawn. Dediquei quase uma centena de horas neste jogo, principalmente nos dias frios em Curitiba-PR. Muitas lembranças boas destes momentos, onde a Kira gostava de deitar entre as minhas pernas para se esquentar. Voltando à frase, caso você me acompanhe nas redes sociais, deve saber que compartilho desta afirmação, mais do que isso, busco praticá-la.

O meu ano de 2023 foi bastante atípico e cheio de altos e baixos, ainda assim, acredito que o saldo foi positivo. Gostaria de trazer neste texto algumas reflexões que tenho feito para este início de 2024. Pensei em fazer um vídeo mais freestyle, mas acho que me dou melhor com as palavras escritas.

Em 04.2023 deixei minha posição de Sr. Head of Data para me aventurar na geração de conteúdo na internet. Foram mais de 2 anos com muito trabalho foda, estruturando o time e parque de tecnologia de dados em uma startup. Clima agradável, cercado de pessoas incríveis, com desafios alinhados com minhas expectativas de carreira. Tive total autonomia para decisões técnicas, de pessoas e projetos, é deste tipo de liderança que gosto e me engaja. Falando em pessoas, talvez esta seja a parte que mais me cativou. Construir um time do zero, contratando excelentes profissionais e ajudando a lapidar diamantes. Pude participar do desenvolvimento da maturidade de um time incrível! Mas chegou meu momento de mudar.

A grande questão que estava batendo em minha cabeça era: e quanto às minhas entregas técnicas e individuais? Enquanto gestor, minha missão é que as pessoas assumam o protagonismo de suas entregas e carreiras. Meu desejo é que cada qual possa brilhar a sua maneira, enquanto meu papel é ser viabilizador disso. Mas eu estava sentindo falta de ter minhas próprias entregas técnicas e colocar a mão na massa. Gostaria de estar mais próximos às trincheiras junto ao time, travando as mesmas batalhas, rumo às conquistas. Mas como entrar no operacional/tático e não deixar os pratinhos do estratégico caírem?

Foi neste ponto que decidi me arriscar, ficando integralmente na geração de conteúdo na internet. Durante 4 meses foram mais de 10 projetos e cursos ao vivo na Twitch, totalizando +250 horas de transmissões. O sentimento de escala veio! Isto é, conseguir dia a dia alcançar mais e mais pessoas para falar sobre dados, de uma forma aberta e leve. É algo que dificilmente eu conseguiria dentro de uma empresa, liderando um time. Nesta época contei muito com o apoio do instituto Aaron Swartz e Bruno Rocha (com a iniciativa Codeshow) e com todas as pessoas que me apoiaram financeiramente na Twitch, apoia.se e LivePix.

Claro que nem tudo são flores. O que mais me consumia neste período, era a necessidade da presença nas redes sociais para conseguir o engajamento necessário. Além de gerar o conteúdo ao vivo, fazer as edições necessárias (cortes, legendas, etc), bem como artes e textos no dia a dia. Tudo isso, para que mais pessoas pudessem conhecer meu trabalho. Isso é extremamente cansativo e gera muita ansiedade pelos resultados.

Por volta de 08.2023 fui convidado para atuar como Gerente de Ciência de Dados, tendo a chance de novamente liderar um time de elite. Com um desafio um pouco diferente, não mais construir a equipe do zero, mas sim, solidificar relações e elevar a maturidade dos processos de Data Science (DS) para entrega de modelos de visão computacional, além, é claro, de desbravar novos estudos de caso de DS dentro da companhia. Mesmo com pouco tempo de casa, nas primeiras semanas recebi a proposta de expandir ainda mais minha atuação, liderando não apenas Data Science, mas Analytics também.

Neste tempo, montei a trilha de carreira de todas as posições em Data Science e Analytics, bem como ajudei todo o time na construção de seus Planos de Desenvolvimento Individuais (PDI), dando mais clareza sobre os próximos passos que poderiam seguir dentro e fora da empresa. Dediquei bastante tempo em entender como o time estava rodando: seus processos, fluxos, cerimônias e interfaces com demais áreas. Pude fazer um diagnóstico, propondo melhorias significativas, bem como mantendo aquilo que fazia sentido. Dia a dia fomos fortalecendo os laços entre as áreas que tínhamos interface. O engajamento de todo o time mudou, passaram a enfrentar os desafios com muito mais entusiasmo e propósito.

A maior novidade em minha carreira nesta experiência, foi poder ajudar na formação de novas lideranças mulheres. Isso significou muito para mim, uma vez, que minha primeira gestão foi de uma mulher, bem como, minha primeira mentoria de carreira. Eu realmente espero que os conhecimentos e experiências que trocamos, ajude essas mulheres a alcançarem altos patamares no mundo corporativo ou aonde elas quiserem estar.

Novamente, isso só foi possível graças a autonomia que tive em todas minhas decisões, desde as mais simples, como também as complexas.

Foram quatro meses de muita intensidade e energia depositada. Demorei para me dar conta o quanto me distanciei da comunidade e de minhas lives. Isso começou a me corroer por dentro, por me sentir impotente em não dar conta de tudo: família, trabalho, projetos pessoais, aulas, etc. É muita coisa para colocar em 24hrs. Mas será que eu conseguiria volta? Será que as pessoas estariam dispostas novamente me acompanhar? Comecei a me questionar.

Vários “não sei” como resposta. Mesmo sem saber ao certo o que quero, tomei a decisão de sair. Sair para pensar, refletir, oxigenar. Não tenho ideia de quanto tempo precisarei ou qual será o resultado disso. Só sei de uma coisa: quero continuar impactando a vida das pessoas e tornando o mundo um lugar melhor. Embora um pouco extenso, é disso que este texto se trata.

Ainda vivo com medo, um medo diferente do que já senti antes. Estou com dificuldade de nomeá-lo. Talvez seja o medo de ter tomado decisões irreversíveis, não sei ao certo. Isso existe? Com base neste medo, tentei elencar algumas possibilidades para me entender e o que pode ser do meu futuro:

Meu objetivo principal se mantém na divulgação de conhecimento, ajudando pessoas;

Voltarei com as lives e aulas, independente do que acontecer;

Quero trabalhar em uma empresa com menos de 150 funcionários, onde meu trabalho tenha impacto direto no negócio;

Topo ser contribuidor individual em Data Science;

Se for para ser líder/gestor:

Que seja no máximo com 5~6 pessoas;

Que seja também mão na massa;

Que eu tenha autonomia para decisões estratégicas e técnicas;

Toparia migrar de carreira para backend/GoLang, ciente de um downgrade, com muita disposição de aprender;

Área financeira não me atrai;

Empreender é uma opção;

Isso não é uma lista de desejos, nem mesmo um plano, é algo mais para servir de guia dentre as possibilidades que surgirem ao longo deste ano. Nos próximos meses, pode ser que um plano derive destes pontos, mas não é o momento. É bom ter este tipo de balizador para ser lembrado nas próximas decisões que terei que tomar.

A frase que mais me impactou em 2023 foi: “Téo, graças ao que você fez, agora eu sei o que eu posso me tornar, pela primeira vez eu sei que caminho devo seguir para continuar evoluindo minha carreira”. Ouvi essa frase de uma liderada no momento que anunciei meu desligamento ao time, e pela primeira vez, não contive as lágrimas. Essa sinceridade penetrou meu coração. Pude experimentar algo diferente neste momento, não é só uma questão de alcançar mais pessoas, mas sim, um impacto real e individual.

Por isso, pretendo encarar o ano de 2024 com o peito aberto, com medo mesmo e foda-se. Quero entender o que pode dar certo e quais experiências carregarei daqui em diante. Todo um texto para dizer que estou abraçando a aleatoriedade dos eventos e retendo aquilo que seja bom. Será um prazer ter você companhando tudo que está para ser descoberto. Eu honestamente te desejo muito sucesso, conte comigo.