Quebrando o hábito
São seis meses fora do mercado de trabalho, distante de qualquer reunião de alinhamento, 1x1 com liderados, gestor ou business partner. São seis meses interagindo com centenas de pessoas online todos os dias, e ainda assim, solidão.
A solidão não me incomoda. Me acalma. Já a insignificância, essa sim, me tira o sono.
Nesse tempo estou descobrindo meu próprio caminho. Buscando aquilo que acredito, seja lá o que isso signifique. Não consigo definir o que seja. Acho que tem a ver com a “vontade de fazer a diferença”. A diferença em melhorar a vida das pessoas e não resultados operacionais como vemos por aí, enriquecendo algum escroto.
E voltamos à insignificância. Será que esse trabalho é insignificante?
Tenho recebido várias mensagens de pessoas agradecendo o conteúdo e meu posicionamento. Isso me deixa feliz e dá maior sentido ao que me proponho fazer. Servem de balizas para eu corrigir a rota ou reforçar ainda mais alguns valores. Mas esse efeito realmente está fazendo a diferença? Aquela caixa de leite que faltava na geladeira deixou de ser preocupação? Será?
Quando eu penso e desenho um curso, foco nas pessoas menos favorecidas que poderiam ser impactadas e terem suas vidas transformadas. Tenho dificuldade de mapear e entender se alcanço e realmente tenho ajudado essas pessoas. Independente disso, sigo entregando o melhor que eu posso, dentro de minhas limitações e capacidades. Espero ser minimamente suficiente.
Com base nisso, decidi que não terei mais OKR. Porque a métrica de sucesso desse projeto não pode ser “planilhada”. Vou continuar observando e tomando decisões com base nos números, mas chega de objetivos chaves. Seguirei aquilo que acredito, fazendo o que deve ser feito, independendo do número, independente se perderei seguidores ou engajamento. Sendo eu, real.
Tenho como ideal ensinar e compartilhar o que eu conheço e domino. Me dá ainda mais tesão em compartilhar aquilo que cobram um fortuna para que você saiba como uma pequena parte funciona. Vou continuar dando acesso às pessoas aquilo que é nosso. A informação deve ser livre!
Eu sei, eu sei. Uma galera se aproveita disso. São um bando de sugadores que não tem com o que contribuir. Como vovó já dizia: “Téo, ninguém dá aquilo que não tem”. Temos uma base de seguidores significativa, e mesmo assim menos de 2% apoiam financeiramente nosso projeto. Esse é o preço por gerar conteúdo gratuito como o meu na internet.
Mas, honestamente? Foda-se. Volto no lance da insignificância. Se mesmo com essa galerinha, o nosso trabalho tiver impacto nas pessoas que desejamos ajudar e fazer a diferença, ótimo. É o caminho a manter em mente e perseguir.
Eu estou me doando, todos os dias. Me arrisco a dizer que esse tem sido o propósito da minha vida durante esses meses e os próximos. Digo isso sendo pai. Sinto que estou ajudando a construir um mundo melhor para minha filha. Mais do que isso, estou sendo exemplo. Espero que um dia ela entenda o que isso significa e a importância da busca em fazer a diferença no mundo. Se não, do que vale viver essa única vida?
Não consigo imaginar a onde chegaremos. O que torna tudo muito mais divertido (ou frustrante). Não acho que chegará o dia em que direi: sucesso, alcancei o que procurava. Sinto como se fosse a busca por algo utópico, onde a piração é a busca pelo o que não pode ser alcançado, mas a progressão de alguma forma existe. Entende?
Quero continuar acreditando nisso, afinal “sempre há algo a ser feito.”