Sobre algo
Talvez eu esteja vivendo algo parecido com o Téo de dez anos atrás. Buscando minha identidade e forma de me expressar.
Pode parecer estranho dizer isso depois de tanto tempo e projetos que foram realizados. Mas é a verdade. Ainda estou aprendendo.
Normalmente eu começo o post pelo título, ele norteia como será o resto do texto, mas dessa vez não fui capaz de definir isso. Há uma mistura de sentimentos e talvez vomite alguma coisa por aqui, assim como nos primeiros textos desse blog. Portanto, não espere dados para validar alguma coisa, talvez seja mais um desabafo do que qualquer outra coisa.
O ponto é que ao longo da última semana, assisti vídeos e li textos que me incomodaram. Não por necessariamente discordar, mas, também, porque ne fizeram pensar sobre o Téo Me Why e vida pessoal.
Alguns dos materiais eram sobre como você deve se planejar, dedicar tempo e energia para alcançar um grande objetivo depois de certo tempo trabalhando. Outros, falavam sobre o quão complicado é gerar conteúdo na internet e o que realmente acaba sustentando é o apoio da comunidade. Outro, sobre o impacto do “pensamento positivo” e coisas do tipo, como “basta querer, basta acreditar”.
Vamos começar por este último.
Sobre pensamento positivo
Não sei se aqui merecia um possível aviso de gatilho, mas fica o alerta. Então, não, eu não boto fé nesse tipo de coisa, como “pensamento positivo” ou qualquer outra baboseira coach. Na verdade, o que caralhos isso significa? Aproveito aqui para explicar o porque não gosto desse tipo de ideia.
Eu sinto que isso é um artifício maldito para individualizar conquistas e responsabilizar o sucesso (ou fracasso) a um única pessoa. É como se a pessoa, agora, tivesse em mãos tudo o que é necessário e suficiente para mudar sua própria realidade, independente de sua origem ou situação atual. Isso é maldoso, isso é vil! Atribuir toda essa responsabilidade ao indivíduo é cruel.
É como se as ações do outro não tivessem impacto algum em nossas vidas. O que sabemos, na realidade, é o contrário. Nossas vidas são tomadas pelas decisões de outras pessoas, onde muitas vezes não temos nada a ver com elas. E é aqui que mora o problema: não existem soluções individuais para problemas coletivos.
Colocar esse tipo de pensamento individualista facilita muito o trabalho de quem se beneficia disso, pois perdemos a nossa união, perdemos a nossa organização, perdemos a nossa força coletiva pela mudança. Entender que temos pouco impacto na nossa própria vida, pode ser a primeira coisa a acender a chama da raiva, indignação e luta coletiva. Não conseguimos fazer nada sozinho nesse mundo.
Não se trata de otimismo ou pessimismo, se trata de racionalidade, organização e execução. É disso que precisamos. Apenas pensar que as coisas vão melhorar, ou acreditar nisso, não fará nada mudar. Não preciso pensar de forma positiva para realizar algo. É necessário fazer, muitas vezes sem nem ao menos acreditar que vai dar certo. É o lance da consistência do post anterior.
Eu me coloco em cheque todos os dias (todos os dias mesmo). Acordo na dúvida fodida se o que faço está tendo algum efeito ou não. E eu sei que pensar positivo não ajuda em nada. Não é isso que vai fazer mais pessoas conhecerem meu trabalho. O que ajuda, é realizar meu planejamento, confiar nas pessoas próximas, gerar mais material, ver mais pessoas interagindo e agradecendo o conteúdo. Apesar de toda minha insegurança, estou lá, praticando, todos os dias.
Não é o pensamento positivo que me faz levantar da cama para realizar o trabalho, mas sim, o comprometimento. Comprometimento com a luta na batalha que estamos perdendo, todos os dias. Meu compromisso é alcançar as pessoas antes que o malandro. Meu compromisso é ajudar quem mais precisar. Meu compromisso é buscar ser exemplo para que mais pessoas façam o mesmo, para que isso multiplique a ganhemos força.
Engulo o choro, enterro alguns sentimentos, e jogo a dúvida pela janela.
Sobre metas altas e longas
Recentemente, nas festas de fim de ano, em uma conversa de bar regada a whisky, meu padrinho de casamento disse: minha meta para 2025 é perder peso.
Imediatamente respondi de forma meio babaca: meta é número com data.
Foi engraçado ver a cara dele, respondendo: então talvez seja apenas um desejo.
Eu tenho isso muito claro na minha cabeça. Metas são números com prazos bem definidos. Se não tem essas duas coisas, não é meta. Pode ser um desejo, mas não é meta.
O lance não acaba aí. Já se perguntou o que acontece quando batemos a meta? Não vale responder “dobramos a meta”. Quanto tempo dura o sentimento de meta batida?
Acredito que essas perguntas são bem importantes. Porque, a partir da meta definida, você deveria construir um planejamento, executá-lo, manejá-lo quando não estivesse indo em direção à meta e assim por diante. Sua vida pode acabar girando em torno disso por um bom tempo. Você dedicou tempo (nosso único recurso) para alcançar sua meta, para muitas vezes depois descobrir o quão insignificante ela era.
O que eu tenho observado com a morte de meus avós, é que nosso fim é muito triste. Muito triste mesmo. O que me dá menos vontade de envelhecer. Percebo que o que mais falta na velhice é uma parada chamada companhia. E isso, eu não consigo colocar em uma meta (número com data). Passei a achar estranho definir metas longas como se fosse o propósito da própria vida. Estou inclinado a acreditar que as relações humanas são superiores a isso. As amizades que fazemos no caminho, experiências que vivemos e memórias.
Durante a pandemia, frequentei mais velórios do que gostaria. E fui bombardeado por um pensamento: será que no meu velório, terá gente para carregar meu caixão?
É claro que o dinheiro resolve esse problema. Mas quem seriam as pessoas que estariam alí? Teria construído amizades verdadeiras que estariam próximas durante minha velhice? Como essas amizades foram criadas e cultivadas?
Passei a tomar cuidado ao focar em metas longas que tirassem minha atenção do presente, onde essas relações passariam batidas.
E por favor, é importante sim ter planejamento financeiro para melhorarmos de vida. Isso é importante até para nossa luta coletiva, como no texto Cresça. Só então, rebele-se
Com a minha visão atual, tomo muito cuidado para não colocar tapume nos olhos e deixar de viver o presente.
Outra parada que me incomoda muito nessa questão de metas longas, é sobre a realidade brasileira. Qual a fatia da população tem a possibilidade de definir metas tão longas assim? A maior parte da galera tem a meta de almoçar e jantar. O período mais longo de meta é 12 horas, e olhe lá. Como essa pessoa seria capaz de definir algo para o fim do mês? Fim do ano? 5 anos? 10 anos? 20 anos?
Se você é do grupo que pensa, “mas é justamente por isso que essas pessoas continuam pobres”, meu mais honesto “vai tomar no seu cu”. Voltamos na questão dos problemas coletivos e soluções individuais.
Novamente, não nego os benefícios que os atingimentos de metas e suas consequência nos dão. mas vale pensas em suas metas com carinho, sem deixar de viver o hoje, o agora.
Um dia me falaram: “Téo, sua filha nunca mais vai ter 2 anos de idade”. Para algumas coisas, não existe “depois”.
Sobre criar conteúdo na internet
Eu estou tentando. Tentando muito.
Não porque eu tenho esperança de mudar algo ou coisa do tipo, eu não sou ninguém. Mas porque eu acredito que todas pessoas podem e devem fazer algo bacana para a sociedade, ainda que você ache que não tenha grande impacto. É mais sobre cada um fazendo um pouco, e daí algo da hora pode surgir.
Mas as vezes cansa. Cansa bastante. Hoje é um dia desses, na verdade. Estou bem desiludido com o que somos capazes de alcançar. Apesar de toda energia, recursos e dedicação que deposito no projeto, sinto que empacamos. E eu falo isso não para terem um sentimento de dó ou pena, mas para ser transparente. E isso não muda em nada o futuro do canal, seguimos trabalhando.
Não é o meu pensamento positivo (ou a falta dele) que me faz criar conteúdo, são vocês. A tal “comunidade”. É o compromisso que criamos ao longo desse tempo, cheio de aprendizados, risadas e muita conversa. Ainda que seja difícil, ainda que seja cansativo, ainda que não tenha esperança, continuamos. Porque são essas relações humanas que pretendo construir e manter ao longo dos anos.
Isso é superior a qualquer meta. Na verdade, já abri mão de metas pessoais para podermos continuar nessa jornada. Faria e devo fazer isso novamente em 2025. Pois, sozinho sou mais rápido, mas com vocês, vamos mais longe.